O futuro é azul! Pelo menos é esta a cor do laser que vai dominar o mercado de entretenimento nos próximos anos. Saiba como funciona o disco do futuro
O mundo da tecnologia é feito de transições, algumas sem muita repercussão e outras que estremecem os pilares da sociedade. Um exemplo de transição bombástica, por exemplo, foi o surgimento do DVD, pois com ele um novo comportamento foi adquirido pelos consumidores desta nova tecnologia, já que rebobinar os velhos VHS é coisa do passado. Agora uma nova transição está acontecendo, mas sem dúvida esta terá proporções bem menores que a mudança do VHS (Video Home System) para o DVD. A transição do DVD para o Blu-ray já é uma realidade e, em questão de meses, o azul será o futuro das mídias de gravação de dados em discos.
Por que Blu-ray?
Muitos se perguntam: “por que esta nova tecnologia se chama Blu-ray e não Blue-ray, ou Yellow-ray ou qualquer outra cor?” O nome Blu-ray se deve pelo fato de que, em primeiro lugar, o raio utilizado para a gravação dos dados no disco é azul, desta forma temos um raio azul, ou seja, um blue ray. Contudo, o E da palavra blue teve de ser retirado porque é uma palavra de uso contínuo, sendo assim, o blue virou blu, visto que uma palavra desta categoria não pode ser uma marca comercial.
O laser
Um disco Blu-ray comum pode armazenar entre 25 GB ou 50 GB e, em alguns casos, este valor pode chegar até aos 100 GB. O DVD que você tem na sua casa, pode armazenar, em média, 4.7 GB de dados e um CD consegue guardar apenas 700 MB. Um disco Blu-ray possui as mesmas dimensões de um DVD e de um CD, então como ele consegue armazenar muito mais dados que os outros discos?
A diferença crucial entre mídia versus capacidade é o laser utilizado na gravação de dados. Um CD usa um feixe de luz vermelha com comprimento de onda de 780 nanômetros, já o DVD, também usa um feixe de luz vermelha, mas de 650 nanômetros, enquanto o Blu-ray usa um feixe azul de comprimento de onda de 405 nanômetros.
A simples diferença nas cores do laser permite que o feixe seja direcionado com maior precisão, desta forma um feixe azul que possui menor comprimento de onda, consegue “riscar” uma parte menor do disco, mas armazenar os mesmos dados.
O comprimento de onda de um feixe de luz pode ser comparado à ponta de uma caneta, onde um pincel atômico seria um CD, uma caneta esferográfica um DVD e uma caneta ponta fina um Blu-ray. Como a ponta das três canetas é diferente, se as usarmos para escrever a mesma palavra, o tamanho ocupado pelas letras irá depender do tamanho da ponta da caneta.
GRAVAÇÃO DE DADOS
Como ele armazena mais dados?
Por focalizar com maior precisão o local em que os dados serão gravados, o Blu-ray acaba por ocupar menos espaço na hora da gravação, desta forma o espaço destinado entre as gravações ou o passo da trilha também é reduzido, o que repercute em um melhor aproveitamento físico da mídia. Em um DVD este espaço é de 0,74 µm enquanto em um BD é de 0,32 µm.
Por que armazenar mais dados?
A chegada dos televisores em alta definição exige que os arquivos sejam muito mais pesados, pois precisam oferecer uma resolução de áudio e vídeo muito maiores. Desta maneira, armazenar um filme em HD em um disco de DVD faria com que o arquivo ainda não atingisse uma qualidade de reprodução compatível com as novas tecnologias dos televisores. Desta maneira, o Blu-ray surgiu para solucionar o problema de espaço e permitir que a qualidade das imagens e áudio seja compatível com os novos eletroeletrônicos.
TIPOS DE BD
Como visto anteriormente, os discos Blu-ray podem armazenar de 25 GB a 100 GB de dados em uma única mídia. Isso acontece porque neste tipo de disco as informações são gravadas em camadas, desta maneira é possível até quadruplicar a capacidade de armazenamento dependendo do número destas camadas. As versões mais comuns de BD são as de camada única (27 GB) e camada dupla (54 GB).
Confira na imagem abaixo as diferenças de construção de um disco DVD e um Blu-ray.
Camada única
Um disco Blu-ray de camada única pode armazenar aproximadamente 25 GB de dados. Transformando isso em dados relacionados ao tempo, seria possível gravar quase 15 horas de vídeo comum ou mais de duas horas de um show em HD.
Camada dupla
Um disco de camada dupla possui duas camadas de gravação de dados, consequentemente, a capacidade de armazenamento é duplicada. Em um disco de dupla camada é possível armazenar em média 20 horas de vídeo comum e quase 5 horas de vídeo em alta definição.
Confira na tabela abaixo a comparação entre capacidade de armazenamento entre um DVD e um Blu-ray de única e dupla camada.
As variações continuam
Antes do boom do DVD e da pirataria, poucas pessoas possuíam um gravador em casa, porém com a popularização do formato e da gravação caseira, o Blu-ray também oferece opções de mídias graváveis.
Além das camadas, o Blu-ray oferece mídias semelhantes ao CD e ao DVD, ou seja, os famosos discos graváveis e regraváveis. As diferenças entre as mídias são poucas, pois no Blu-ray também temos o disco gravável e o regravável, contudo há a opção de uma e duas camadas. O preço dos discos para gravação em Blu-ray ainda é pouco atrativo para o consumidor comum, sendo assim, às vezes é mais interessante comprar um disco gravado do que gravar um em casa.
Confira na tabela abaixo os formatos, funcionalidades e estimativa de custo por mídia.
Quem não se lembra dos Easter Eggs (Ovos de Páscoa) que vêm escondidos nos DVDs? Eles não foram deixados de lado no Blu-ray, mas agora estão na internet. Assim como os ovos trazem os espectadores para próximo do filme, pois oferecem mais conteúdo e curiosidades, um recurso chamado BD-LIVE também permite que o espectador tenha acesso a mais conteúdo, mas usando a conectividade.
A nova geração de discos e tocadores Blu-ray, chamada de 2.0, aposta na interatividade para conquistar a preferência do consumidor. Com o BD-LIVE é possível acessar a internet através do próprio player (desde que este esteja ligado à internet) e conferir conteúdos exclusivos como, bastidores, making-off, curiosidades ou entrevistas com o elenco, por exemplo.
Algumas empresas vão além da simples oferta de “brindes”, a Warner, por exemplo, usou o recurso BD-LIVE no lançamento do filme Batman- O cavaleiro das trevas, nos EUA. No dia do lançamento, uma conferência entre o diretor Chris Nolan e os espectadores do filme que possuíam um disco 2.0 foi possível através do BD-LIVE.
Isso mostra que esta nova tecnologia visa prender o consumidor através do entretenimento não apenas com o filme, mas fazê-lo se sentir o mais próximo possível do elenco.
Herança do DVD
Mesmo com todas as novidades e melhorias oferecidas pelo Blu-ray, um velho problema ainda persiste: os códigos das regiões. Com os DVDs, as divisões são de seis áreas e o Brasil possuí um código diferente dos EUA, o maior produtor de filmes e, consequentemente, os lançamentos demoram mais para chegar até aqui.
Com o Blu-ray as áreas permanecem, mas ao invés de seis, hoje são três e o Brasil ficou na mesma dos EUA. Toda a América e alguns países da Ásia sem a China, formam a área A ou 1. Europa, Oriente Médio, África e Oceania formam a área B ou 2. Já a China, Rússia, índia e países do Sul da Ásia formam a área C ou 3. Confira na imagem abaixo a comparação entre áreas do DVD e do Blu-ray (clique na imagem para ampliar).
O futuro éazul?
Mesmo com tantos pontos positivos, o Blu-ray desperta controvérsia. Há quem diga que o Blu-ray só adquiriu alguma exposição e a preferência dos consumidores por causa o PlayStation 3, o videogame da Sony que permite que filmes neste formato sejam exibidos no console.
É claro que o preço das mídias e dos players ainda não é atraente o suficiente para provocar uma corrida dos consumidores às lojas, mas isso também aconteceu com o DVD antes da sua popularização. O fato de este tipo de disco exigir equipamentos de última tecnologia para mostrar todo o seu poder, também dificulta sua aceitação no Brasil, pois não é qualquer um que pode ter uma televisão em Alta Definição, um player e comprar ou alugar os discos.
Tiro certo?
Há ainda, quem torça o nariz pelo fato de a Sony (produtora e desenvolvedora do Blu-ray) ainda bater na tecla de mídias físicas, ou seja, que exijam que o consumidor se desloque até a uma loja para alugar ou comprar um disco e que ainda dependa de equipamentos mecânicos para a leitura dos discos.
Quem sabe uma verdadeira revolução não teria acontecido se ao invés de investir em discos, a Sony tivesse criado um sistema totalmente digital para leitura e aquisição dos filmes, assim como a Apple investiu na Apple Store? Controvérsias à parte, o fato é que o azul, pelo o que parece, será a cor do futuro na indústria do cinema e entretenimento e cabe a nós aguardar o amanhã chegar, independentemente da cor que ele tiver.
Qual é a cor do seu futuro?
E você usuário, o que acha do Blu-ray. Será que ele vai pegar, já pegou ou nem vai decolar? Será que o Blu-ray vai desbancar mesmo o DVD? Deixe sua opinião.